terça-feira, 5 de junho de 2018

Auto-conhecimento

Um dos maiores desafios para mim em relação ao auto-conhecimento é justamente a necessidade de escolher. Essa questão da escolha começou no final da adolescência quando - ainda sem muita noção na vida - passei por diferentes relacionamentos de um mês, aqueles namoricos adolescentes, justamente porque surgia uma pessoa interessante... e outra... e aquela também. Como se cada uma delas juntas formassem um quadro de uma pessoa ideal. E inatingível.

Mas a gente cresce né? Graças a Deus. Em estatura mesmo eu cresci muito pouco depois dos quinze anos... a maturidade! Essa chega invariavelmente! E essa dificuldade de escolha, como já rezava meu mapa astral, foi migrando lentamente para a questão profissional. Eu sabia o que fazer até certo ponto - afinal de contas todo mundo termina a escola e parte para a faculdade, certo? 

Depois da graduação - que foi a realização de um sonho, como já tratei aqui algumas vezes - a coisa começou a se complicar: de um lado, a segurança de um cargo público que garante uma certa segurança - digo certa, porque as coisas estão cada dia mais complicadas em nosso país e sabe se lá né? - e de outro, uma insatisfação crescente que foi tomando conta do meu peito, que ficava cada vez mais apertado quando me deparava com as possibilidades que eu tinha pelo meu caminho! Afinal, é tanto caminho bom né gente? É cada carreira massa que como fecho as portas para outras? 

E lá no fundo pulsava também ao mesmo tempo e com a mesma intensidade o amor pelo lugar que trabalho (uma biblioteca pública centenária) e o medo de ser só isso pra sempre!

E lá vem de novo aquele velho fantasma. Monstro guardado no guarda-roupa da tal da escolha. Afinal, logo teria 30 anos e o tinha uma série de itens da lista dos meus pais, dos amigos, do universo que eu ainda não tinha cumprido. Gente, não tenho nem carteira de motorista!

E ao mesmo tempo vários talentos que pulsavam aqui dentro emergia de quando em vez me lembrando que grande parte do homem que me tornei se devem a eles: a música que foi meu terapeuta por anos, a escrita que garantiu minha sanidade, o desenho que foi o despertar da minha individualidade ainda com 5/6 anos de idade. E também, a costura que sempre pairava no horizonte como uma possibilidade de percurso e uma grande paixão escondida. 

Paixão bandida que eu não permitia emergir.

Daí, num belo dia a cerca de dois anos, me deparei com um conceito interessante, o empreendedorismo criativo. E seguindo a mentora que o defendia, descobri que não precisava ser uma coisa só e, mais lindo ainda, que poderia transformar todas as minhas paixões em negócio. Inventar a partir de minhas experiências, habilidades e conhecimentos, um caminho próprio, único e exclusivo que daria conta de tudo que sou e que quero ser.

E é essa aventura que está começando agora! Intensificando o olhar para dentro para descobrir toda essa potência que eu desmereci por tanto tempo! 

Já estou ansioso para o que vai surgir daqui!

segunda-feira, 5 de março de 2018

Concentração, cadê?

Eis um grande desafio em minha vida: manter o foco e a concentração! Minha mente vive lotada de pensamentos, de ideias, planos e projetos! E parece que, como um bonequinho de video game que pula de tijolinho em tijolinho, vai alternando seu foco, sem conseguir as vezes, concluir algumas das tarefas que deu início.

Agora mesmo, escrevo para tentar recuperar o foco. Estou de férias, num momento muito interessante, onde estou novamente em contato comigo mesmo. Olhando para mim, para dentro e para o universo particular que habita aqui dentro. E olhar tudo isso, causa uma dificuldade enorme para manter a concentração.

Acho que a terapia começa a dar sinais de sua ausência. Havia e ainda há mtas pontas soltas aqui dentro e me falta - em certa medida - o jeito para atá-las! Só me restar respirar fundo, acender um incenso, pegar uma garrafinha de água e abrir mais uma vez o texto delícia do Hobsbawn ou o complexo Bechara.

Espero que essa terapia escrita dê certo.

É isso!

domingo, 4 de março de 2018

Tem dias que...

Tem dias que tudo parece tão estranho não é mesmo? Sentimentos fora de ordem, pensamentos em confusão. Colocamos a casa em ordem pra ver se a bagunça interna se ajeita, mas nem mesmo a organização da gaveta por tipo e cor dá solução.

Tem dias que aquele vazio tão conhecido parece flertar de novo com o peito. Ameaçando se esgueirar por qualquer fresta aberta, ocupando o espaço do amor, do cuidado e da afeição. 

Tem dias que fica tudo tão estranho não é mesmo? Voltamos a um tempo de solidão e vazio que há muito não se manifestava por aqui. Será que é tempo de mudança? De novos rumos? Outros recomeços?

Tudo muito estranho, não é mesmo?

quinta-feira, 1 de março de 2018

O desafio da gratidão

Ser grato é um dos maiores desafios que eu tenho nessa vida. Cheguei a essa conclusão depois de, conversando com um amigo, relembrar uma das épocas mais difíceis da minha vida quando passava por um episódio depressivo que quase me custou a vida.

É uma época que raramente retomo, justamente por ser um momento doloroso quando questionei aquilo que tenho de mais precioso: a vida. E nessa conversa, acabei por perceber de uma maneira nova que foi a época na qual Deus esteve mais presente em minha vida.

Era o final da adolescência, quando as dúvidas rondavam minha mente na mesma proporção da ebulição dos hormônios. Tudo estava fora de escala e eu, dramático que sou, oscilava entre a comédia e a tragédia, sem meio-termo - como todo adolescente. Não bastasse a época já ser tipicamente turbulenta para nossa espécie, foi o momento que me deparei com duas realidades muito importantes (pelo menos para mim): a importância da fé em minha vida (na época achava que era a importância da instituição) e a inadequação diante da minha sexualidade (um jovem gay num meio evangélico). 

Essas duas dimensões da minha vida simplesmente não combinavam. Já era  um contexto melhor que outras décadas, mas, ainda não tínhamos avançado tanto nesse debate como hoje! Isso era 2004/2005 e pra ajudar ainda frequentava um colégio militar.

Passava também por uma fase difícil na vida dos meus pais, sofrendo junto deles as consequências do fim do casamento e, para resumir bem a situação, não conseguia perceber em nenhum deles o apoio necessário para enfrentar minhas questões e seguir em frente. Sentia que naquele momento estava completamente só. O que não era verdade mas, na mente adolescente de então, tinha um peso enorme.

Foi o espaço perfeito para que a depressão se instalasse e a ideia de suicídio tomasse forma. Eu não era o filho perfeito que meus pais esperavam. Eu não conseguia ser o religioso que a comunidade esperava. A fé na qual eu tentava me enquadrar dizia que eu iria para o inferno. Nem Deus queria saber de mim!

E foi nesse momento que Ele em sua infinita bondade começou a se manifestar grandemente na minha vida. Hoje entendo que por intermédio da minha mediunidade e da intervenção do mentor designado para me auxiliar. Dessa forma, Ele colocou em meu caminho umaa série de pessoas que me deram apoio: professores muito sensíveis que perceberam que eu não estava bem pela mudança profunda que sofri ao longo do ensino médio; meus avós e minha madrinha que tomaram o lugar de pai e mãe naquele momento; alguns poucos amigos iluminados que já apontavam naquela época um caminho religioso que me ajudaria fazer as pazes com minha fé; e, o momento mais lindo de todos, quando da boca de um irmão da igreja que ainda frequentava eu entendi o profundo significado da expressão "a verdade te libertará".

Naquele instante eu percebi, que ao contrário de tudo que eu acreditava até então, Deus não comete erros. Que Ele havia me criado exatamente como sou. Que Ele me AMA!

Daí, meu amigo me questionou após ouvir essa fase da minha vida se eu já tinha demonstrado minha gratidão. Sendo bem honesto - diferente da resposta genérica que eu dei a ele - eu tenho dúvidas se um dia vou conseguir demonstrar o quanto sou grato por todo amor de Deus em minha vida. Porque é simplesmente um amor infinito que não tem como nem compreender, quem dirá retribuir à altura né? Só espero que, dividindo a certeza de que as coisas podem melhorar eu consiga pelo menos divulgar - para além de qualquer instituição religiosa - a importância da espiritualidade e do amor de Deus por nós nos menores detalhes de nossa vida.

E a certeza de que Ele é meu verdadeiro pai, mãe, família! Que é sim o que eu tenho de mais valioso! Espero ser cada dia melhor e crescer cada dia mais um pouquinho, dando mais um passinho em Sua direção!

E quem sabe um dia estar à altura desse desafio que é a gratidão!