sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Percepções

Há um bom tempo tenho tentado me conhecer melhor e tentar lidar com algumas características que não são muito agradáveis de defrontar. Sei que é o maior clichê da história, usado por mil de mil culpados, mas eu não sou perfeito.

Só essa obviedade, assumida aqui em rede mundial já é um grande avanço para o jovem iludido que fui/sou. Fui criado para ser perfeito e acreditava no sucesso dessa criação, focando sempre naquilo de bom que conseguia ser/fazer no meio em que vivo.

Mas alguns choques de realidade e sessões de terapia depois, comecei a conseguir - finalmente! - uma visão mais clara de defeitos e qualidades. Acredito que tenho um longo caminho pela frente e só esses três parágrafos de justificativas já mostram que a caminhada não será fácil quando observo um defeito em especial: o egocentrismo.

Vivo e penso de onde estou e de quem eu sou no momento. E por inúmeras razões, acabei desenvolvendo um senso crítico em relação as coisas e aos outros difícil de lidar em algumas situações. E sempre que alguma situação assim me incomoda, observo minha reação e percebo o quanto ainda deixo minha criança interior tomar as rédeas e mostrar o quanto ela é mimada.

Creio que não existe uma resposta pronta de como lidar com isso, é um exercício diário. Lá se vão vinte e nove anos alimentando certos padrões de comportamento. Sendo uma pessoa sem muito tato, por vezes sem noção e tão empolgada, dentro de seus pensamentos, que não percebia o quanto estava agindo de maneira inconveniente.

O famoso sem noção. Que eu verdadeiramente não quero ser em vários aspectos da minha vida.

Espero conseguir mudar. O incômodo interno já chegou.

Abraços!

domingo, 26 de novembro de 2017

Realidade

Dizer que levei quase 29 anos pra entender o relacionamento entre meu pai e eu pode ser um exagero, mas, hoje percebo que grande parte da minha energia mental nos últimos anos foi dedicada a lidar com essa pequena e importante parte da minha vida. Lidar não é exatamente a melhor definição, visto que na realidade, nossa relação sempre foi caracterizada por apagar incêndios quando nossas ideias divergentes se tocavam e longos vazios, períodos de meses que mal tínhamos notícias da vida um do outro.

Sempre pensei que eu aceitava meu pai exatamente como ele é e que, as coisas que esperava dele - que fosse mais presente, mais amigo - eram apenas o básico, quase que uma exigência do lugar que ele ocupa em minha vida. Agora entendo que essa papel ele nunca esteve apto a desempenhar e, honestamente, creio que ele nunca esteve e nem mesmo quis.

Essa compreensão dói um pouco, mas, tem ajudado a entender porque acabamos nos distanciando tanto depois que deixamos de viver sob o mesmo teto há quase 16 anos. Eu cresci, segui meu caminho enfrentando as dificuldades e facilidades comuns a essa vida e tenho consciência de que nem sempre optei pela direção que ele achasse mais certa ou menos perigosa. Aliás, ele não estava aqui para orientar e tudo que eu pude fazer, ironicamente, foi ir vivendo e experimentando e lidando com as consequências de minhas próprias decisões. Acreditando, lá no fundo, que estava sob seu olhar, seguindo um plano que embora não tivesse sido dito, estava implícito na educação que tinha recebido até então.

Agora entendo que ele não estava ali. Não por maldade, talvez por omissão e com certeza por incapacidade. Como dizem por aí, cada pessoa oferece apenas aquilo que tem, até onde pode e como pode. E diante disso, só posso ser grato pelo cuidado a mim dispensado quando esse cuidado era realmente necessário.

E hoje, seu maior presente de aniversário é a compreensão do valor de se viver a própria vida, seguindo o próprio caminho de cabeça erguida e com a certeza de que cada um é único com um propósito exclusivo. Claro, sem esquecer o respeito ao próximo que as vezes significa também, não caminhar junto, porque isso é respeitar seus próprios limites.

Dessa forma, hoje aceito o pai que tive e tenho nessa vida. Que cuidou e zelou quando necessário mas que torna sua própria vida um exemplo. E aceito que ele não é meu melhor amigo, que ele não me entende e que não consiga fazer parte do universo do qual eu faço parte. Agradeço, enfim, pelas raízes proporcionadas por ele quando esse foi seu papel, que são profundas e fortes o suficiente pra demonstrar já inúmeras vezes capazes de suportar qualquer tempestade que a vida ofereceu.

Afinal de contas, depois de tudo e tanta coisa, sigo forte e feliz. Vivendo meu próprio caminho.

Obrigado pai!

quinta-feira, 9 de março de 2017

Sobre o tempo

Estou quase com trinta anos e adivinha? Como todo mundo, começo a perceber que o tempo passa cada dia mais depressa. Parece que foi ontem que sonhava em ter 18 anos e agora já conto os meses para os 30!

Como a vida passa rápido né? Mas, hoje recebi um email que trouxe uma reflexão importante: nosso corpo é um veículo para a alma e, essa JAMAIS envelhece. Desde que não permitamos que isso aconteça.

E isso é incrível e traz uma paz maravilhosa para uma mente inquieta como a minha que pensa, repensa e se esquenta sempre que a questão do futuro se mostra diante de mim. O que é ridículo diante de tantos exemplos maravilhosos que tive em minha vida, como minha mãe que reinventou a carreira aos 40 - deixando de ser educadora para se transformar em enfermeira -, minha avó que aprendeu a se virar sozinha sem o marido super protetor aos 60 ou um amigo querido que já recomeçou do zero pelo menos seis vezes nos últimos sete anos.

Nessas horas, vejo o quanto meu medo é infantil e ingrato, já que a vida sempre ajuda aqueles que se movimentam. E que venham os trinta, os quarenta, os setenta e, quem sabe tenho o privilégio de viver ainda mais!

O tempo, como outras coisas da vida, realmente é aquilo que fazemos dele. Então, 'bora trabalhar, não é mesmo?

Abraços!

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Pequeno desabafo

Algumas coisas mexem com nosso interior de forma completamente inesperada. E uma dessas coisas que têm me tocado nos últimos tempos - novamente - é a questão familiar.

Especificamente, a participação de meus pais na minha vida, no meu cotidiano. Especialmente agora que estou num relacionamento mais sério e que, muito em breve, deve desenrolar-se em casamento, o contato com a família do meu namorado mostrou, ou melhor, escancarou, o quanto meus próprios pais são ausentes da minha vida mais corriqueira.

E isso, infelizmente, doeu muito. Porque era uma ausência já percebida mas o contrário, o afeto e o carinho de quem realmente se importa, eram completamente desconhecidos. E agora, que praticamente me tornei o terceiro filho de meus sogros, essa falta tem crescido cada dia mais dentro de mim. 

E o mais complicado é que essa percepção, desse vazio, tem crescido em sentidos inesperados, como por exemplo, a dificuldade de me entender - de fato - como membro dessa nova família. No fundo, me sinto como um estranho, embora não seja. 

Nesse caso, espero que o retorno à terapia ajude!