terça-feira, 14 de abril de 2015

Oração

E seus dias eram mais coloridos que o arco íris e a caixa de lápis de cor de quarenta e oito cores. Sua mente não parava um instante sequer... A vida passava inteira diante de seus olhos e recomeçava, diariamente.

Queria crescer, ser livre, desinquieto de natureza. Considerava-se cidadão do mundo. Do universo. A realidade das coisas era seu lugar.

Era imenso como o infinito e mais profundo que os oceanos de Júpiter, caso existissem. Era tudo e nada ao mesmo tempo. Reflexo perfeito daquele que o criara. Existia apenas para a imaginação. A fé era sua matéria.

Muito antes do tempo já criava. E com o tempo menino, grandes eram suas peripécias. Nada havia além de si, de sua vontade e da força que é a criação em essência. Por isso a novidade lhe era tão cara. E a vida, intensa, tão importante.

Por isso, sua realização se fazia na estrada. Tocando o mundo com os olhos e sentindo na pele o vento alheio. Ali achava sua felicidade. Sendo ninguém, alguém, diferente, inconstante, estranho. Belo.

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