quinta-feira, 16 de abril de 2015

Sobre o que incomoda

Nada incomoda mais que o conceito pré-estabelecido nesta vida. Hoje tive uma longa e franca conversa com minha mãe que, como disse em outras ocasiões, não concorda exatamente com minha "opção" sexual. Como se escolha fosse...

Mas, no assunto de hoje o que mais me incomodou foi a necessidade de diferenciar os relacionamentos hétero dos relacionamentos gays, como se o primeiro fosse entre seres humanos e o segundo entre marcianos. É tão claro para mim e para aquelas pessoas que já se abriram a essa velha novidade que não há diferença, afinal, nossa sociedade - embora tenha ainda muitas questões a resolver - pouco diferencia o homem da mulher quando consideramos a experiência do amor. (Na verdade a diferenciação é cada vez menor graças a luta das guerreiras feministas que ao longo do século XX tanto conquistaram...)

Entendo claramente que nossas relações colocam em cheque os papéis histórico-socialmente construídos do homem e da mulher, e que no fundo seja esse questionamento o que tanto incomode os vigilantes da moral e dos bons costumes. Ao mesmo tempo que percebo o quanto nossa sociedade sofre exatamente por tentar enquadrar em caixinhas as mil diferentes cores que o gênero humano possui, parafraseando a querida voz francesa da atualidade, Zaz.

E nessa situação me vejo cada dia mais convencido de que não é por acaso que nasci na família que nasci. Existem muitos conceitos ainda a serem desconstruídos e muitos preconceitos mais para serem trabalhados. Essa missão é em parte minha e acho ela belíssima e poderosa. Embora não seja tão simples e muito menos indolor.

E é engraçado visto que as necessidades humanas são tão básicas, embora culturalmente procuremos diferenciações: todo mundo precisa de beijo, abraço, comida, sexo, proteção, atenção, voz. Infelizmente, também de dinheiro, até que algum iluminado consiga mostrar um caminho melhor que este que estamos trilhando.

Então, acho que o começo necessário - mais que um bom começo - é exatamente o respeito. Porque no fim, todo mundo precisa viver, todo mundo precisa amar e essa passagem é tão breve, não é mesmo?

Vamos caminhando! Um dia a gente chega lá!

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